segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Critérios de segurança jornalística...

A morte do cinegrafista Gelson Domingos, da TV Band, balançou com firmeza a estrutura atual da cobertura jornalísticas durante operações policiais nas favelas do Rio. Quem sempre estava por trás das câmeras virou notícia e a polícia logo pronunciou que quer estabelecer um critério de segurança: se policial falar para o repórter "daqui vocês não podem passar", obedeça. Algo simples e sem complicações, como mandar uma criança não colocar um dedo na tomada.

Você pode falar uma centena de vezes para a criança "Não enfie o dedo aí, menino. Estou avisando", mas ela se aventura no anseio de apartar a curiosidade e descobrir o novo. É um instinto natural e inevitável. "Joãozinho, não mexe nisso! Você vai acabar quebrando isso, heim" e lá está a mãozona da criança derrubando aquele vaso italiano que vc comprou na feira do Paraguai. A você resta apenas dizer furioso "Eu te avisei, Joãozinho! Eu te avisei!".

A polícia cumpre seu papel, meio que maternal e nada pacífico, de dizer "daqui vocês não podem passar" e nós, jornalistas, cumprimos a missão de levar a informação e registrar o fato custe o que custar. Ao contrário das crianças curiosas, somos bem adultos para assumir nossas escolhas. Temos maturidade para avançar, o que infelizmente pode ser um problema.

Até que ponto vale a pena arriscar por uma boa imagem? Para morrer, basta estar vivo. Em 2009, segundo o Instituto de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, foram 103 vítimas de balas perdidas nos primeiros seis meses do ano. Em 2010, o instituto apontou uma redução de 18,4% no número. Talvez um "daqui vocês não podem passar" não traga tanta segurança pessoal, e caso contrário, seria bom um alerta geral, não só aos jornalistas, como para toda comunidade. Moraríamos em casas blindadas com uma placa na saída escrita: daqui vocês não podem passar... Será que, mesmo enjaulados em nossas casas, estaríamos seguros?

Por enquanto, parece que vamos nos contentar com os papeis coadjuvantes de mãe e filho. Espera um pouco. O que é isso aqui? Nossa, que diferente... O que será que acontece se eu colocar alguma coisa dentro de um desses buraquinhos?

Nenhum comentário: