domingo, 19 de agosto de 2012

O amor tecnicamente impossível...

No cinema, essas tramas viram sucessos de bilheteria. Romances tecnicamente impossíveis de darem certo despertam a atenção de um público distinto e extenso. Seria possível um vampiro e um lobisomem se apaixonarem?  É em perguntas desse gênero que os roteiristas investem seus projetos.

Mas, não é preciso ir aos cinemas para encontrar casos de romances impossíveis. Eu mesmo conheço vários casos. Vampiros? Não. Trata-se de assuntos mais complexos ainda. Times de futebol diferentes, classes econômicas distintas, profissões conflitantes ou até mesmo religiões divergentes. Mesmo com tudo propenso para o desamor, o cupido acerta uma flecha na maçã que está na sua cabeça e quando você percebe já é tarde: mais um caso de amor tecnicamente impossível está nas telonas. Às vezes você nem nota, até obter da pior forma a informação que põe em xeque seu romance perfeito:

-Amor.

-Diga, me anjo.

-Tenho que te contar uma coisa.

-Só falar, aê.

-Lembra que você ficou com raiva do resultado do Maior Brasileiro de Todos os Tempos de 2012?

-Já tinha até esquecido disso. O povo não sabe votar.

-Então. É sobre isso que eu queria falar. Eu votei no Michel Teló.

O espanto na cara dele lembrava a fúria contida nos solos de guitarra que seus ídolos faziam:

-Mas por quê? Por que você fez uma coisa dessas?

A moça abaixou a cabeça. Algo a incomodava. A revelação não tinha acabado:

-Eu não sou bem o que você acha que eu sou.

O silêncio mastigava seu namoro firme de mais de 4 meses. Seria ela uma vampira? Será que ela era uma fera nas noites de lua cheia e não aparava os cabelos do sovaco? A verdade era bem mais cruel do que ele imaginava:

-Eu sou membro do fã clube do Zezé de Camargo e Luciano.

Ele deu um passo para trás e arregalou os olhos. Como não percebeu antes? A falta de entrosamento ao falar das bandas de rock. O receio ao apresentá-lo às amigas. Tudo agora fazia sentido. Na tela ao vivo e a cores mais um filme da vida real. Mais um romance tecnicamente impossível:

-Só falta agora dizer que tem um pôster do Restart no seu quarto.

-Não. Isso não. Eu tenho o novo álbum deles, mas o pôster não.

Para o amor não existem regras, limites ou até mesmo padrão. Cada um vive, experimenta e o interpreta de forma diferente. Para ele, o amor era traiçoeiro. Para ela, o amor era criterioso. Não perceberam que, o que  eles viam como diferença, na verdade era um complemento mútuo. Como no roteiro dos filmes de amores tecnicamente impossíveis, destino acertou ao unir os dois.

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