quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Protesto de cabresto...

Enquanto o mundo sofre certas consequências por conta de um filme anti-Islã que satiriza o profeta Maomé, o deputado federal Protógenes Queiroz apresenta outro lado nessa crise: será que a solução lógica para o que não é visivelmente ético é a censura? Após ir ao cinema com seu filho de 11 anos, Protógenes se indignou com o que viu e postou mensagens no Twitter que iria acionar os "meios legais" para impedir que o filme do ursinho Ted fosse exibido nas salas de cinema do país. Hããm, desculpa aí deputado, mas não existem filmes piores rolando nas telonas que fazem apologia as drogas?

Não discordo dele no fato da poluição cinematográfica que vivemos, afinal os filmes passam uma cultura forte na qual os heróis são assassinos frios. Mas será que não é esse o atrativo do cinema? Quanto mais mortos no filme, mais bilheteria. Daí vem a tona outra afirmação do deputado. "Não aceitamos mais esses enlatados culturais americanos no Brasil", comentou ele. Mas será que o Brasil também não importa enlatados culturais? Chega a ser até pior se comparar as apologias conduzidas na televisão. Acho que encontramos a solução então. Tirem o Ted maconheiro das telonas e mantenham as mulheres nuas nos comerciais da Globeleza. Tirem o Ted que fala palavrões e deixem as crianças longe disso, assistindo as cenas quentes da novela.

O Ted foi submetido a obra a análise do Ministério da Justiça para a classificação indicativa. Eu não levaria meu filho de 11 anos para ver um filme não indicado para menores de 16 anos. Também sou contra a apologia às drogas, mas será que não existem assuntos mais intensos para acionar os "meios legais"? Tirar um filme das salas de cinema é censura. Apoiar a luta contra a legalização de alguma droga é um ato. Criticar uma cantora country por beijar fã de 12 anos é injuria. Lutar contra a pedofilia é uma prática. 

E o mundo continua uma bagunça cheia de protestos sem fundamentos reais. Monteiro Lobato é literatura, mas alegam que frases tradicionais da época do autor indicam preconceito contra a pobre Dona Chica. Cadê o Ibama recorrendo por conta do bullying que o Rabicó sofreu? Enquanto discutimos se o livro é ou não racista, os alunos continuam carentes de literatura.

Enquanto o diretor-geral do Google no Brasil é detido pela Polícia Federal por conta de um vídeo de um usuário, os políticos que foram filmados recebendo propina continuam livres. Protestar não é correr com os seios de fora para chamar a atenção, pelo menos não no nosso pais em que a cultura não é impactada. Protestar é cobrar melhorias. Quem mais fatura com a polêmica é o próprio filme, no qual muita gente ficou curiosa para confirmar se é um enlatado americano. Ei, Ted! Pode ficar a vontade. Só não fala da Dona Chica senão você pode ser censurado...

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