quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A tal seca da Lei Seca...

Me disseram que as regras da Lei Seca estavam mais rígidas, mas não imaginei que chegavam ao nível tão irracional. Estava passeando na minha bicicleta quando uma viatura policial me pediu para encostar:

-Documentos do veículo, por favor.

-Como?

-Documentos do veículo, por favor.

Continuei olhando para o policial, que me encarava firmemente:

-Tá brincando, né?

-Eu tenho cara de quem está brincando?

Analisei sua face fechada em busca de um vestígio que provasse a minha afirmação, mas não teve sucesso na busca:

-O senhor pode descer do veículo, por favor?

-Hein?

-Tá com dificuldades para entender né? Isso explica tudo.

Ele fez um sinal para o outro policial que aguardava dentro da viatura:

-Matias! Trás o bafômetro aê!

-O que? Que abuso. Não vou assoprar nenhum bafômetro não.

-Matias! Trás a câmera filmadora aê!

-Eu não estou bêbado.

-Entendo. Infelizmente, senhor. Vou ter que te dar uma multa.

-Como assim? Não faz sentido.

-O senhor estava conduzindo esse veículo embriagado.

-Uma bicicleta?

-Isso mesmo. Aqui está sua multa.

Meus olhos se arregalaram ao ver a quantidade de algarismos contidos naquele pedaço de papel:

-Perdão, seu guarda, mas eu não estou embriagado. Isso é injusto.

-Vamos fazer um teste então.

-Ok, ok. Pode trazer o bafômetro.

-Não senhor. O teste é mais simples. Só responder a minha pergunta.

-Pode ser. Qualquer coisa para ficar livre dessa multa.

-Em quem você votou na última eleição?

Parei um pouco para refletir, mas não recordei com clareza. O policial abriu um sorriso:

-Tá vendo? Não fez a escolha sóbria. Alto teor alcoólico.

Não tive argumentos e saí caminhando ao lado de minha bicicleta com a multa na mão. Continuei pensando na simples pergunta do policial. Bateu uma ressaca.

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