Ele se sentiu meio vazio e disse encarando o espelho:
- Alô? Tem alguém aí dentro?
Um ato que certamente desafiava a sanidade contida naquele homem tão bem vestido. Para sua surpresa, obtive uma resposta sincera:
- Continuo aqui.
Deu um passo para trás e se encarou novamente tentando manter a respiração controlada. Ele se aproximou sem saber o que buscava. O silêncio despertava ansiedade em seus movimentos precisos e totalmente calculados. Os olhos atentos perceberam um sorriso bobo que não representava seu rosto assustado refletido no vidro embaçado.
- Me procurava e agora está assustado de me encontrar aqui? - Disse uma criança olhando firme em seus olhos.
Tentou abrir a porta do banheiro, mas não conseguiu. O pânico o consumia e as mãos suavam. Ao procura-lo no espelho, deparou com seu reflexo, respirou fundo e foi se acalmando aos poucos.
A maçaneta cumpriu sua tarefa e a porta se abriu. Caminhou pela casa encontrando fotos daquela criança espalhadas pelas paredes e cômodos. Em algum lugar dentro daquele homem de gravata, uma criança era mantida em cativeiro.
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