segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Mas que droga, hein!

Notícia da TV Folha: "Maconha vendida no Brasil é a pior do mundo, dizem usuários". Mas que droga, hein! Fiquei imaginando um cara de terno e gravata com um bigode meio português entrando na favela. Ele vai na direção de um homem armado apoiado em uma das paredes da estreita rua sem asfalto. O olheiro se assusta e deixa a mão sobre o gatilho:

- Tá procurando encrenca? - Grita o malandro enquanto o estranho caminha em sua direção.

O bigodudo não se intimida:

- Estou procurando o Zé. Ele é dono dessa boca, certo?

Ao longe se percebe que a favela é uma grande fortaleza. Alguns atiradores observam a conversa escondidos em cantos diferentes do emaranhado de casas. O olheiro tirou a mão da arma e sorriu, revelando os poucos dentes que restavam em sua boca:

- E o que eu digo a ele? Que um cara de terno está procurando a morte?

Um lado do bigode do estranho levantou por conta de um discreto sorriso:

- Diga apenas que o degustador está aqui.

O olheiro se espantou e fez sinal para abaixarem as armas:

- Vem! Me siga!

Subiram o morro até uma casa de tijolos, na laje, uma piscina e um homem com duas mulheres:

- Eu disse que não queria ser incomodado, mano! Será que não fui claro?

- Eu sei, senhor. Mas o maluco ali é o "degustador".

Ele afastou as mulheres e caminhou com um sorriso falso no rosto:

- Olá. Seja bem vindo, brother! Sinta-se como se estivesse na sua boca.

O estranho não sorriu. O clima de tensão aumentou quando trouxeram o pacote. O bigodudo provou, fez cara de nojo e saiu sem dizer nada.

- Será que ele gostou? - Disse o olheiro assustado.

- Eu ia convidar ele para dar um mergulho, mas essa piscina está sem cloro.

- Esqueci de colocar, mas não se preocupe. Eu comprei um pacote de cloro em pó. Deixei bem... Hammm... Nossa!

- O que foi, mano? Não me diga que você... Não... Não pode ser...

- Desculpa, patrão. Confundi bonito. Olha aí. É parecido demais.

Os dois correram para encontrar o bigodudo antes que saísse da favela, mas era tarde demais. No dia seguinte, estava estampado na capa dos jornais: "Droga vendida no Brasil é a pior do mundo".

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