quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Somos todos Charlie!

Em uma rua qualquer, dois jovens conversam:

- Caracas! Você viu o que aconteceu na França?

- Não, mano! Quê que rolou?

- Morreu uma galera do Charlie Hebdo.

- Charlie Hebdo é uma versão francesa do Charlie Brown?

- Não brica com coisa séria, mano! É o grupo de cartunistas.

- Sei qual é. Aqueles polêmicos, né?

- Exatamente! Todo o mundo está de luto. Foi um ataque à liberdade de expressão!

- Concordo que foi uma fatalidade, mas não acho que eles são os santos da história.

- Como assim? Você é louco? Não respeita a liberdade de expressão?

- Calma! Não precisa gritar.

- Então você acha que os extremistas estão certos em chegar atirando?

- Não foi o que eu disse. Só acho que eles não são os heróis da história ou merecem ser beatificados.

Alguns que passaram na hora pela rua ouviram a afirmação do rapaz:

- Você é um daqueles malucos que apoiam a ditadura? - Gritou um velho furioso.

- Deve ser algum muçulmano - exclamou uma mulher da calçada.

O rapaz tentou se defender:

- Não sou muçulmano, mas se fosse também não gostaria de ver na capa de um jornal meu povo sendo alvejado com a frase "o Corão é uma merda". Apesar de não ser a favor da violência usada, acho que a revista era muito agressiva.

- Respeite a liberdade de expressão! - Disse um homem ao empurrá-lo no chão.

O jovem foi vaiado, xingado, espancado por todos que estavam na rua e aprendeu uma coisa: as pessoas defendem com unhas e garras a liberdade de expressão, mas sequer sabem do que se trata.

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