Em uma rua qualquer, dois jovens conversam:
- Caracas! Você viu o que aconteceu na França?
- Não, mano! Quê que rolou?
- Morreu uma galera do Charlie Hebdo.
- Charlie Hebdo é uma versão francesa do Charlie Brown?
- Não brica com coisa séria, mano! É o grupo de cartunistas.
- Sei qual é. Aqueles polêmicos, né?
- Exatamente! Todo o mundo está de luto. Foi um ataque à liberdade de expressão!
- Concordo que foi uma fatalidade, mas não acho que eles são os santos da história.
- Como assim? Você é louco? Não respeita a liberdade de expressão?
- Calma! Não precisa gritar.
- Então você acha que os extremistas estão certos em chegar atirando?
- Não foi o que eu disse. Só acho que eles não são os heróis da história ou merecem ser beatificados.
Alguns que passaram na hora pela rua ouviram a afirmação do rapaz:
- Você é um daqueles malucos que apoiam a ditadura? - Gritou um velho furioso.
- Deve ser algum muçulmano - exclamou uma mulher da calçada.
O rapaz tentou se defender:
- Não sou muçulmano, mas se fosse também não gostaria de ver na capa de um jornal meu povo sendo alvejado com a frase "o Corão é uma merda". Apesar de não ser a favor da violência usada, acho que a revista era muito agressiva.
- Respeite a liberdade de expressão! - Disse um homem ao empurrá-lo no chão.
O jovem foi vaiado, xingado, espancado por todos que estavam na rua e aprendeu uma coisa: as pessoas defendem com unhas e garras a liberdade de expressão, mas sequer sabem do que se trata.
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