Lembro-me como se fosse ontem, mas na verdade foi o ano passado. Estava em casa, entregue aos meus instintos primitivos (à preguiça mesmo) quando ouvi me chamarem no portão. Normalmente, eu iria caminhando entediado até a janela, mas, pela tonalidade da voz alheia, preferi correr até o destino desejado:
- Em que posso ajudar? - Disse já me preparando para dizer "Não quero comprar. Obrigado!" após a resposta do homem.
- Estou procurando o Arisson Tavares!
Engoli o seco e gaguejei ao ver o tamanho do brutamonte apoiado na grade do portão:
- Hamm, ele não está. Seria só com ele?
O homem de óculos de sol apenas me encarou. Parecia analisar o meu rosto ou coisa do tipo. Ao perceber que eu era o bendito Arisson Tavares, continuou o diálogo anormal:
- Você precisa terminar o seu livro!
- Oi? E quem é você mesmo?
- Sou um Ex-Terminador! - Disse sem expressar emoção.
- Exterminador? - Exclamei assustado.
- Não! Eu disse Ex-Terminador.
Continuei confuso com a explicação lógica dele, mas preferi mudar de assunto:
- E o que você quer comigo?
- Vim do futuro com a missão de garantir que termine o seu livro.
Minha vontade era de sorrir com aquele cara estranho de jaqueta e calça jeans. Afinal, era tudo tão ilógico:
- E por que eu faria isso?
- No futuro de onde vim, as máquinas dominaram o mundo. Elas substituíram o homem no trabalho, na cozinha e até em casa. Enfim, em um mundo dominado pelas redes sociais e tecnologia, o ser humano está cada vez mais sedentário e, quando se trata de informação, prefere tudo mastigado. É aí que você entra. Você precisa escrever mais livros para que as pessoas tenham a literatura como porta de entrada para outro universo e se salvem.
Fiquei calado por alguns segundos. Como o brutamonte com pinta de Arnold Schwarzenegger parecia um maluco, decidi entrar no jogo dele:
- Ah, sim! Ok então! Vou escrever.
Quando me virei para sair da janela, o homem gritou uma última frase:
- Não se esqueça de salvar um backup!
Agitei a cabeça e fechei a cortina. Ainda ouvi ele perguntando para uma pessoa na rua se a antena era da GVT, pois ele odiava a "Sky e Net". Sentei no sofá, liguei o notebook e aproveitei o final das férias para escrever e escrever. Segundo o tal Terminador, era hora de salvar o mundo.
Agitei a cabeça e fechei a cortina. Ainda ouvi ele perguntando para uma pessoa na rua se a antena era da GVT, pois ele odiava a "Sky e Net". Sentei no sofá, liguei o notebook e aproveitei o final das férias para escrever e escrever. Segundo o tal Terminador, era hora de salvar o mundo.
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